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Arquitetos: Rui Mendes Ribeiro
- Área: 318 m²
- Ano: 2024
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Fotografias:Ivo Tavares Studio

Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício localiza-se no centro de Vermoim, em frente ao centro cívico e em estreita relação com a capela existente. O lote disponível apresentava dimensões reduzidas e condicionamentos relevantes, nomeadamente os afastamentos regulamentares relativamente à via pública e às construções vizinhas. A nova Junta de Freguesia de Vermoim surge num lugar marcado pela presença da capela, edifício histórico e simbólico da comunidade. O desafio foi claro: projetar um espaço público contemporâneo que dialogasse com essa memória, sem competir com a sua força arquitetónica.

A implantação foi definida de modo a compatibilizar estas exigências normativas com a necessidade de garantir uma presença institucional clara e digna, assegurando simultaneamente a boa integração no tecido urbano e a criação de pequenas áreas ajardinadas e de circulação pedonal. Assim, a volumetria do edifício resulta de um equilíbrio entre constrangimentos e oportunidades, transformando a limitação espacial em fator de identidade arquitetónica.


O programa distribui-se por dois pisos, estruturados de forma clara e funcional:
- Rés-do-chão: O acesso faz-se por um hall de entrada que conduz à secretaria, espaço de receção e atendimento ao público. Neste piso encontram-se ainda os arrumos, as instalações sanitárias (masculina, feminina e fraldário) e uma biblioteca, concebida como espaço de proximidade e partilha cultural, em articulação com o jardim exterior.
- Piso 1: Através de escadas ou elevador, acede-se à zona administrativa e representativa da Junta. Este piso integra uma sala de espera, dois gabinetes de trabalho e o Salão Nobre, espaço polivalente destinado a reuniões, assembleias e eventos comunitários. A presença de um jardim lateral estabelece uma relação visual de qualidade e contribui para a ventilação e iluminação naturais.

A composição do edifício assenta na justaposição clara de dois volumes horizontais. A base, marcada pelo betão aparente com cofragem em réguas de madeira, ancora o edifício ao solo e confere-lhe a solidez e a textura do gesto construtivo. Sobre ela pousa um segundo corpo, revestido a tijolo negro, que se destaca pela densidade e pela vibração subtil da luz que atravessa os vazios do material. As duas lajes em betão aparente funcionam como elementos estruturantes e de síntese, sublinhando a horizontalidade do conjunto e garantindo a leitura unitária da composição. O contraste entre a transparência do piso térreo e a opacidade filtrante do volume superior estabelece um diálogo equilibrado entre peso e leveza, entre abertura e recolhimento.

Cada material escolhido carrega uma intenção:
- Betão aparente com cofragem em réguas de madeira, evocando a força e a honestidade construtiva.
- Tijolo negro aplicado como pele respirável, filtrando a luz e criando um diálogo subtil entre interior e exterior.
- Vidro como tradução da transparência e da abertura que se exige a um edifício público, garantindo luminosidade e proximidade.
A luz assume um papel ativo no projeto: atravessa o tijolo, percorre as superfícies, reinventa os espaços ao longo do dia e convida os utilizadores a apropriarem-se do edifício. A disposição das aberturas, a espessura das paredes e a escolha dos materiais asseguram o controlo térmico e a ventilação natural. A iluminação natural é potenciada em todos os espaços de permanência, reduzindo a necessidade de consumo energético e melhorando a qualidade ambiental interior. A nova Junta de Freguesia de Vermoim não é apenas um espaço funcional de serviços administrativos. É um edifício que reforça a centralidade cívica da freguesia, espelha a sua identidade coletiva e promove a convivência, a proximidade e a transparência entre poder local e cidadãos.

































